sábado, 11 de fevereiro de 2012

Entrevista de Michelle Williams para a Gloss


Foram necessários 30 anos- e quase 30 filmes- para que Michelle Williams aceitasse algo: sua beleza só contribui para torná-la uma atriz ainda mais interessante.  Até completar três décadas de vida (hoje ela tem 31 anos), Michelle ficava incomodada em aceitar papéis sexy demais ou que explorassem seu lado mulherão. “Eu tinha medo de que usassem como argumento para diminuir o meu talento”, diz. O convite para viver Marilyn Monroe, o ícone máximo da sedução no cinema, obrigou-a a pensar outra vez. “Não tive escolha. Precisei me permitir que me sentisse bonita, embora Marilyn fosse muito mais do que isso.” Uma prova de que o papel não prejudicou em nada sua imagem de atriz talentosa é o Globo de Ouro que ela ganhou no mês passado pelo filme Sete Dias com Marilyn. E também a indicação ao Oscar que recebeu por causa dele. Esta é a terceira vez que Michelle disputa uma estatueta: ela foi indicada por O Segredo de Brokeback Mountain (2005) e Namorados para Sempre (2010). Mas é a primeira vez em que vai assistir à cerimônia- que acontece no dia 26- reconciliada com a própria beleza.

Para quem não gostava de personagens sensuais, interpretar Marilyn deve ter sido um grande desafio...
Sim, foi. Passei muito tempo ouvindo sua voz em fitas no carro enquanto dirigia. Aos poucos comecei a entender com o tom se conectava com certas emoções que ela sentia. Também assisti a seus filmes e entrevistas e tentei me fixar em coisas específicas, como sua maneira de posicionar a cabeça, seu jeito de se mexer quando andava...

Você até canta no filme!
Pois é! Primeiro gravei a voz em um estúdio, para depois fazer a sincronização labial. Mas quando estava em cena, eu odiei ouvir o que tinha gravado. Então pedi ao diretor para cantar diretamente na frente da câmera. Ficou muito melhor. Encenar para mim é isso. Meu melhor trabalho vem quando eu me perco no momento de atuar e me esqueço de todo o resto.

Você já disse que teve dificuldade de voltar a trabalhar depois da morte de seu ex-marido (o ator Heath Ledger, morto em 2008 por overdose de remédios). Está mais fácil agora?
Está, mas levei um bom tempo para me sentir bem de novo, pensar com mais liberdade e simplesmente voltar a ser eu mesma. O que me ajudava era cuidar da nossa filha, Matilda (hoje com 6 anos). Sentia tanta alegria em estar com ela que nem me preocupava muito comigo. Agora estou muito feliz e aproveitando a vida.


Seu primeiro trabalho após essa fase lida com emoções muito pesadas (Namorados para Sempre, de 2011). Isso não tornou as coisas mais complicadas?
Não, pelo contrário. Foi durante a preparação para o filme que eu realmente comecei a curtir o trabalho outra vez. Senti que tinha voltado para onde estava muito tempo antes e me vi redescobrindo um monte de emoções que tinha deixado enterradas desde a morte de Heath.



Funcionou como uma terapia?
Dá pra dizer que sim. O filme me levou a uma série de buracos negros (ela e o ator Ryan Gosling moraram juntos durante algumas semanas para se preparar para viver o casal em crise da história). E, às vezes, quando você é obrigada a se confrontar com a tristeza e o medo, pode acabar resolvendo uma série de questões na sua cabeça.

Você continua a ser perseguida por paparazzi?
Sim, e acho isso perturbador. Toda vez que vou a Los Angeles (ela mora em Nova York) sou seguida aonde quer que eu vá com a Matilda. Começou com a morte de Heath e virou algo traumático. Eu tendo a associar os fotógrafos àquela época, quando estava passando por uma experiência extremamente difícil. Ser perseguida acaba trazendo de volta todas aquelas emoções ruins. Mesmo sabendo, em nível racional, que os paparazzi deveriam ser somente um aborrecimento, eu me sinto ameaçada psicologicamente.

Você tem alguma saudade da época em que trabalhava na TV (ela estourou quando tinha 16 anos, na série americana de TV Dawson’s Creek)?
Fiz Dawson’s Creek por quase sete anos e foi onde aprendi a ser atriz. O trabalho me permitiu passar muito tempo em frente às câmeras e ficar confortável com toda aquela parafernália técnica. Mas eu sabia que TV não era exatamente o tipo de coisa que eu queria fazer. Viver o mesmo personagem por tanto tempo é muito limitador. E naquela época eu era adolescente e me rebelava com qualquer coisa! (risos)


É mais fácil vê-la em filmes menores e independentes  do que em grandes produções. Como você escolhe os seus projetos?
Eu costumava perder muito tempo sendo metódica e ponderando sobre a escolha de meu próximo personagem. Mas agora cheguei à conclusão de que a única coisa que realmente importa é como, no fundo, o papel me toca. Prefiro os filmes menores porque eles criam um clima de intimidade no trabalho e não têm a pressão de grandes estúdios. Mas o que mais pesa mesmo é que grandes produções exigem que você fique trabalhando durante cinco ou seis meses direto, e não quero fazer isso agora. Adoro atuar, mas também ter um tempinho para mim e para Matilda entre os projetos.

Como é dividir o trabalho de mãe e o de atriz (ao receber o Globo de Ouro, ela disse que se considera “primeiro mãe, depois atriz”)?
Sofrido, pois faz com que eu fique me perguntando a toda hora que tipo de vida desejo para mim. Quero ser a melhor mãe possível, e é isso que me guia. Mas, quando estou envolvida em um filme, muito da minha energia é sugada por ele- o que afeta a energia que tenho para Matilda. Encontrar o equilíbrio entre duas coisas é o mais difícil. Acho que o segredo é procurar pesar o que cada escolha vai exigir de você.

Como é a Michelle mãe?
Amo passar todo o tempo que posso com a Matilda, vê-la crescer e se transformar em uma meninha doce. Ser mãe é uma experiência que me transformou totalmente como mulher, deu novo foco à minha vida. Fez com que eu me sentisse renascida.

 Fonte: revista Gloss

Um comentário:

  1. Adorei essa entrevista! A Michelle realmente é completa. Ótima atriz, profissional, pessoal incrível e uma mãe maravilhosa! Ela foi muito forte durante a perda do Heath e conseguiu manter a infância da Matilda a mais leve e feliz possível, apesar de tudo.

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