segunda-feira, 6 de maio de 2013

"Fiz pela minha filha", diz Michelle Williams sobre 'Mágico de Oz'

A "beleza frágil" de Michelle Williams foi o que convenceu o diretor Sam Raimi a convidar a loira de 62 kg, bem distribuídos em 1.63m de altura, para viver Glinda, uma bruxa do bem. Saída da imaginação do escritor L. Frank Baum, a personagem é a mais bondosa e poderosa das feiticeiras da Terra de Oz. "Talvez o fato de eu ter usado muito vestido de gola Peter Pan (de formato arredondado) na minha vida tenha influenciado Sam a me escalar para uma superprodução de fantasia", brincou a atriz, de 32 anos, e uma das estrelas de Oz - Mágico e Poderoso, que já arrecadou mais de US$ 484,7 milhões de bilheteria mundial. No Brasil, o público já ultrapassou mais de 8 milhões de pessoas, figurando no quarto lugar no ranking dos filmes mais vistos do ano.

Concebido como um prelúdio do clássico O Mágico de Oz (1939 ), eternizado no cinema por Judy Garland, no papel de Dorothy, o longa resgata a história de Oscar Diggs, mais conhecido como o Mágico de Oz (interpretado aqui, mais jovem, por James Franco). No final do filme dirigido por Victor Fleming, todos descobriram que ele era apenas um velhinho que fingia ser mágico, lançando mão de truques aprendidos em circo mambembe. A nova história, independente da obra literária de Baum, volta no tempo e imagina como o impostor teria chegado a Oz e como teria se envolvido na disputa entre três bruxas locais: Glinda (Michelle Williams), Theodora (Mila Kunis) e Evanora (Rachel Weisz).

"É o primeiro trabalho que faço especialmente para a minha filha", disse a atriz, mãe de Matilda Rose Ledger, de 7 anos, fruto do relacionamento com o ator Heath Ledger - morto em 2008, aos 28 anos. A dupla se conheceu no set de O Segredo de Brokeback Mountain, filme que rendeu a primeira indicação ao Oscar para Michelle, como melhor coadjuvante, em 2006, no papel de esposa resignada de um vaqueiro homossexual (Ledger). Ela foi indicada mais duas vezes: em 2011, como melhor atriz, por Namorados para Sempre, onde interpretou mulher que passa a sentir repulsa pelo marido (Ryan Gosling), e no ano passado (também na categoria principal), ao encarnar Marilyn Monroe, capturando a voz, o jeito de andar e os maneirismos da diva em Sete Dias com Marilyn. "Depois de viver tantas mulheres sofridas, foi um alívio encarnar uma bruxa boa que apenas concede desejos e tenta ajudar as pessoas.

Leia, a seguir, os principais trechos da entrevista concedida em Los Angeles
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O cineasta Sam Raimi diz que você, toda vestida de branco e com uma tiara nos cabelos loiros, é a própria "encarnação do bem". De onde vem essa qualidade que marca a maioria das personagens, uma mistura de inocência e vulnerabilidade, que faz o público torcer por você nas telas?
 Michelle Williams - Eu não saberia dizer. Se Sam diz isso, quem sou eu para contrariá-lo? É um elogio maravilhoso, que compensa todos os comentários maldosos que eu ouvi quando estava na escola (risos). Por ser atriz, no entanto, acho importante não estar muito consciente da imagem que o público tem de mim. Isso poderia me limitar. Se eu levasse em consideração o ponto de vista dos outros, poderia tentar me encaixar ainda mais num determinado perfil ou lutar contra ele, duas coisas que eu não quero fazer. Quero ser eu mesma, sem pensar na percepção que as pessoas têm de mim.


Demorou para você conquistar essa atitude?
 Michelle Williams - Não. Desde que estreei como atriz (aos 13 anos, fazendo ponta na série Baywatch), acho que eu sempre tive isso muito claro na minha mente, que eu faria a definição de mim mesma. Mas sem pensar muito no assunto. Preferi ser em vez de pensar no que eu deveria ser.

Você sempre foi madura para a sua idade? Esta não é uma postura muito comum entre as adolescentes. Michelle Williams - Eu diria que, desde cedo, fui colocada em situações que me obrigaram a amadurecer mais rápido (Michelle se emancipou dos pais, aos 15 anos, por eles desaprovarem a sua carreira de atriz).

Depois de tantos papéis em filmes adultos dramáticos, como foi ingressar num mundo de fantasia e se vestir de fada?
Michelle Williams - Fiz isso pela minha filha. Há tempos, eu buscava um trabalho que não separasse tanto a minha vida pessoal e familiar da profissional. Com Oz, pude criar um ambiente perfeito para uma menina da idade dela se divertir. Todo o set de filmagem funcionou como um gigante playground. Pela primeira vez, pude levá-la ao set comigo todos os dias.

Matilda quer ser atriz, como a mãe? 
Michelle Williams - É cedo para saber. Ela ainda não demonstrou interesse em uma área específica, deixando todas as portas abertas.

Como concilia a carreira com a maternidade? 
Michelle Williams - Ser atriz me permite o luxo de não precisar trabalhar o tempo todo. Nos últimos anos, eu raramente rodei uma produção atrás da outra. Desde Oz, cujas filmagens terminaram há cerca de um ano, eu não trabalhei mais. E nem percebi o ano que passou porque ser mãe ocupou todo o meu tempo. Como a minha filha passou do jardim da infância à primeira série, tendo mais responsabilidades, o ajuste maior foi para mim e não para ela. Quem ficou nervosa fui eu (risos).

Que tipo de mãe você é? 
Michelle Williams - Não sou o tipo de mãe que fica em casa, sentada, esperando a filha chegar da escola, lendo tranquilamente um livro. Ou estou limpando, fazendo compras ou preparando, planejando e agendando as atividades de Matilda. Não paro um minuto até recebê-la de volta, ao fim do dia. Assim que ela chega, há muito trabalho de novo, pois gosto de ajudá-la na lição de casa e na preparação para o dia seguinte. Ser mãe é mesmo o maior trabalho de todos. Mas não reclamo. É, ao mesmo tempo, o trabalho com a satisfação mais tangível que já experimentei.

Como você define o seu estilo de se vestir? Durante muito tempo você adotou uma moda mais discreta e comportada, mas parece que isso está mudando, não?
 Michelle Williams - Aos 32 anos, acho que já passei da fase das roupas de menina moça (risos). A verdade é que eu me senti confortável daquele jeito por muitos anos, o que combinava com a minha personalidade, por eu ser tímida. Com tantas opções de moda no mundo, agarrei aquela que me fazia me sentir bem. De uns tempos para cá, reconheço que tenho ousado mais, abandonando os vestidos florais e o tom pastel. Depois dos 30 anos, estou me sentindo mais confiante para testar coisas novas. Acho que estou no caminho para encontrar a minha verdadeira voz.

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