quinta-feira, 26 de abril de 2012

Michelle Williams, uma doce e adorável Marilyn

Marilyn Monroe viveu apenas 36 anos e foi estrela de cinema durante pouco mais de uma década, de "O Segredo das Jóias" e "A Malvada" (ambos de 1950), os primeiros filmes em que chamou a atenção, até "Os Desajustados" (1961). 
É impressionante que, apesar de vida e carreira breves, tenha se tornado um dos mais fortes ícones do cinema. E que ainda hoje, 50 anos depois de sua morte, seja lembrada por projetar uma mistura inigualável de inocência e sensualidade. 
Quem não a conhece no original pode começar por "Os Homens Preferem as Loiras" (1953), "O Pecado Mora ao Lado" (1955) e "Quanto Mais Quente Melhor" (1959), provavelmente seus três grandes filmes, disponíveis em DVD no Brasil. 
Para conhecê-la indiretamente, uma boa pedida é "Sete Dias com Marilyn" (2011), que entrará em cartaz por aqui na próxima sexta-feira, com a mais doce e adorável intérprete de Marylin que o cinema e a TV já conheceram: Michelle Williams
Interpretar mitos do cinema é sempre um pepino. Raros são os casos em que o ator ou atriz ganha elogios, como Cate Blanchett revivendo Katharine Hepburn em "O Aviador" (2004), que lhe valeu o Oscar de coadjuvante, ou Martin Landau (também premiado com o Oscar de coadjuvante) como Bela Lugosi e Vincent D'Onofrio como Orson Welles em "Ed Wood" (1994). 
Nada mais natural, uma vez que a força do astro ou estrela a ser interpretado não é reproduzível, por mais que o intérprete se esforce. Lembre-se, por exemplo, a distância entre Ava Gardner e o papel de Ava Gardner feito por Kate Beckinsale, alguns graus abaixo da original, também em "O Aviador". 
Michelle, 31 anos, cresceu muito desde o seriado "Dawson's Creek" (1998-2003). O currículo já inclui três indicações ao Oscar -- uma como coadjuvante, por "O Segredo de Brokeback Mountain" (2005), e duas como atriz principal, por "Namorados para Sempre" (2010) e "Sete Dias com Marilyn" -- e papéis secundários em filmes de prestígio como "O Agente da Estação" (2003), "Sinédoque, Nova York" (2008) e "Ilha do Medo" (2010). 
Em "Sete Dias com Marilyn", Michelle encarna Marilyn Monroe na intimidade, nos bastidores das filmagens de "O Príncipe Encantado" (1957) em Londres. Outros astros da época presentes no filme: Laurence Olivier (interpretado por Kenneth Branagh), ator e diretor de "O Príncipe Encantado", e sua segunda mulher, Vivien Leigh (Julia Ormond). 
Os episódios descritos no filme foram contados pelo inglês Colin Clark (1932-2002), um dos assistentes de Olivier, no livro "Minha Semana com Marilyn". Na ocasião, Clark tinha 23 anos e se tornou um ponto de apoio emocional para Marilyn (então com 30), que vivia uma relação tensa com Olivier. 
Durante alguns dias, a estrela e o assistente sumiram. Em "Sete Dias com Marilyn", assistimos à versão de Clark (interpretado por Eddie Redmayne) para o que teria ocorrido. A personagem que ele nos apresenta é uma mulher com dificuldades para enfrentar as obrigações do estrelato. Frágil, como se sabe que Marilyn era por trás do escudo de celebridade, mas também vivaz, sensual e generosa. 
A partir desse registro, Michelle Williams cria uma figura que explora o avesso do mito. Naquele momento, Marilyn havia se divorciado do jogador de beisebol Joe DiMaggio e estava com o dramaturgo Arthur Miller (interpretado por Dougray Scott). Era uma das mulheres mais desejadas do mundo, mas, como se nota na recriação carinhosa de Clark e Michelle, talvez preferisse trocar a fama e o glamour por um pouco de amor e sossego.

Nenhum comentário:

Postar um comentário